Melatonina para regular o sono do autista: o que diz a ciência e quais os cuidados necessários

Cresce o uso da substância no Brasil, mas especialistas alertam para riscos da automedicação

O Autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), está frequentemente associado a dificuldades de sono. Estimativas internacionais apontam que entre 50% e 80% das pessoas dentro do espectro apresentam algum tipo de alteração no descanso noturno. No Brasil, cresce a procura pela melatonina, suplemento que vem sendo visto por muitos pais como uma alternativa para ajudar filhos com problemas de insônia.

Apesar da popularidade, médicos e pesquisadores alertam que a substância precisa ser administrada com cautela. O uso inadequado pode gerar efeitos indesejados e não deve substituir o acompanhamento clínico especializado.

O que é a melatonina e como atua no organismo

A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano, especialmente durante a noite, quando a exposição à luz diminui. Sua função principal é regular o ciclo circadiano, conhecido popularmente como “relógio biológico”.

Em pessoas com Transtorno do Espectro Autista, estudos sugerem que a produção desse hormônio pode ser menor ou desregulada. Essa alteração ajuda a explicar por que muitos autistas têm dificuldade para iniciar o sono ou apresentam despertares frequentes.

Nesses casos, a suplementação pode ajudar a restabelecer parte do equilíbrio, mas os especialistas reforçam que não se trata de uma solução universal. Cada indivíduo pode responder de forma diferente à substância.

O que dizem os estudos sobre melatonina e Autismo

Pesquisas publicadas em revistas médicas internacionais mostram que a melatonina pode reduzir o tempo necessário para a criança ou adulto autista adormecer. Além disso, há indícios de melhora na qualidade do sono e, em alguns casos, no comportamento diurno, já que o descanso adequado influencia diretamente no humor e na atenção.

No entanto, ainda não existem evidências conclusivas sobre os efeitos a longo prazo. Grande parte dos trabalhos científicos acompanha os pacientes por períodos curtos, geralmente inferiores a um ano. Isso significa que os benefícios podem variar e os riscos, como alterações hormonais ou efeitos colaterais, precisam ser monitorados.

O alerta contra a automedicação

O crescimento da oferta de melatonina em farmácias e lojas virtuais no Brasil facilitou o acesso ao suplemento. Entretanto, especialistas reforçam que o consumo sem orientação médica pode trazer riscos.

Entre os efeitos adversos relatados estão dores de cabeça, sonolência excessiva, alterações de humor e até impacto no desenvolvimento hormonal em crianças e adolescentes. Além disso, a dosagem adequada depende de fatores como idade, peso e grau de alteração do sono.

Por isso, médicos recomendam que os pais conversem com pediatras, neurologistas ou psiquiatras infantis antes de iniciar o uso. O acompanhamento clínico é essencial para avaliar a real necessidade do suplemento e para descartar outras causas de insônia.

Caminhos alternativos para melhorar o sono

Além da melatonina, existem estratégias complementares que podem favorecer a qualidade do sono em pessoas com Autismo. Rotinas consistentes, ambientes silenciosos e pouco iluminados e a redução do uso de telas antes de dormir estão entre as medidas recomendadas.

Profissionais de saúde também destacam a importância da chamada “higiene do sono”, que inclui horários regulares para deitar e acordar. Em alguns casos, terapias comportamentais podem ser associadas ao tratamento para reduzir a ansiedade e facilitar o início do sono.

Informação e cautela são fundamentais

O avanço no conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista tem permitido que cada vez mais famílias busquem alternativas para melhorar a qualidade de vida de seus filhos. A melatonina, quando bem indicada, pode ser uma aliada importante.

No entanto, os especialistas reforçam que não há soluções rápidas nem universais. O tratamento deve ser individualizado, com base em avaliação médica criteriosa. Informação de qualidade e acompanhamento profissional são as melhores garantias para que os benefícios sejam aproveitados com segurança.

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