Diferença entre Autismo e Asperger: saiba de uma vez por todas

Entenda o que está por trás dos dois termos

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, interage socialmente e percebe o mundo. Trata-se de um espectro justamente porque se manifesta de maneiras variadas, com diferentes graus de intensidade.

Durante muitos anos, a síndrome de Asperger foi considerada uma condição distinta, mas próxima do Autismo. Pessoas com esse diagnóstico apresentavam dificuldades de socialização, padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos, mas, ao mesmo tempo, não tinham atraso significativo na linguagem e exibiam níveis de inteligência dentro ou até acima da média.

Esse perfil fez com que, na prática, muitos associassem o Asperger ao chamado “Autismo de alto funcionamento”, expressão que também gera debates entre especialistas. Essa classificação, porém, deixou de existir nos manuais médicos, o que gerou dúvidas entre famílias e até entre profissionais da saúde.

Por que o termo Asperger caiu em desuso?

A síndrome de Asperger foi oficialmente descrita em 1944 pelo médico austríaco Hans Asperger, mas só ganhou maior reconhecimento a partir da década de 1990, quando foi incorporada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

Em 2013, no entanto, uma revisão profunda levou à publicação do DSM-5, que unificou os diagnósticos em uma só categoria: Transtorno do Espectro Autista. A justificativa foi que não havia fronteiras claras entre o Asperger e outras formas leves de Autismo. Crianças com características muito semelhantes recebiam diagnósticos diferentes, o que dificultava pesquisas e políticas públicas.

Desde então, os casos antes classificados como Asperger passaram a ser entendidos como TEA nível 1, que corresponde ao grau mais leve dentro do espectro. A mudança buscou padronizar o diagnóstico, mas também trouxe resistência de famílias que se identificavam com a nomenclatura anterior.

Embora a comunidade médica não utilize mais a expressão síndrome de Asperger, ela ainda aparece em conversas, reportagens e até em diagnósticos feitos de forma informal.

Muitas famílias, por exemplo, relatam que preferem usar o termo porque acreditam que ele transmite uma imagem mais positiva e menos estigmatizada do que “autismo”.

Na prática, quando alguém fala em Asperger, costuma se referir a pessoas com boas habilidades de comunicação, raciocínio lógico desenvolvido e interesses específicos em determinadas áreas. É comum, por exemplo, que indivíduos com esse perfil demonstrem talentos precoces em matemática, programação, música ou artes visuais.

Essa percepção, embora não seja reconhecida oficialmente pela medicina, ajuda a explicar por que o termo ainda resiste no vocabulário popular. Para muitos, ele representa uma identidade construída em torno de uma forma particular de estar no mundo.

Inclusão social deve estar no centro do debate

Independentemente de se falar em Autismo ou em Asperger, especialistas reforçam que o mais importante é o diagnóstico precoce. Identificar sinais ainda nos primeiros anos de vida aumenta as chances de desenvolver estratégias de apoio, seja na comunicação, seja na socialização ou na adaptação escolar.

O acompanhamento multidisciplinar é considerado essencial, envolvendo profissionais como pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e educadores. Esse trabalho conjunto ajuda a reduzir barreiras e a estimular o potencial de cada indivíduo.

Outro ponto central é a inclusão social. Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos na escola, no mercado de trabalho e no convívio comunitário. Superar preconceitos e reconhecer as habilidades únicas de pessoas dentro do espectro é um desafio que exige esforços coletivos.

Mais do que discutir rótulos, a sociedade precisa garantir respeito e oportunidades. Afinal, o que realmente transforma vidas não é a nomenclatura usada, mas a maneira como cada pessoa é acolhida e valorizada.

Fontes consultadas

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