Apoio emocional, rotina estruturada e inclusão escolar são pilares para transformar interação em vínculo verdadeiro
Compreender o ponto de partida é essencial
A amizade começa com empatia. Em crianças e adolescentes com autismo, diferenças na percepção sensorial e nas habilidades sociais podem dificultar o contato espontâneo. Por isso, é importante entender o perfil individual, respeitar limites e mapear gatilhos sensoriais.
Além disso, estabelecer metas pequenas e realistas ajuda a reduzir frustrações. Cumprimentar colegas, trocar poucas palavras ou participar de um jogo curto já são conquistas. O papel dos adultos é mediar essas situações e criar ambientes previsíveis, que facilitem o encontro e a confiança.
Comunicação clara facilita vínculos
A comunicação direta e objetiva é uma das chaves para o convívio social. Frases curtas e previsíveis ajudam a criança a compreender o que se espera dela. Instruções como “agora é sua vez” ou “você pode convidar o colega” devem ser acompanhadas de gestos ou imagens.
Ensinar scripts sociais — pequenas “falas-modelo” para convites, despedidas ou brincadeiras — torna o diálogo mais fácil. Reforçar atitudes positivas com elogios específicos (“você esperou sua vez, isso ajuda na amizade”) fortalece o comportamento desejado. Assim, a linguagem se torna uma ponte, e não uma barreira.
Ensine habilidades sociais com apoio visual
As habilidades sociais precisam ser treinadas de forma estruturada. Cartazes com etapas simples — olhar, cumprimentar, perguntar, responder — servem como lembretes úteis. Quadrinhos sociais também ajudam a antecipar situações, reduzindo a ansiedade.
Atividades cooperativas, como montar blocos ou desenhar juntos, favorecem trocas. Com o tempo, a criança aprende a compartilhar espaço e atenção. Para adolescentes, conversar sobre temas de interesse comum é um passo importante para transformar interação em amizade.
Use interesses especiais a favor da socialização
Os interesses intensos, comuns no autismo, podem ser aliados poderosos. Se a criança gosta de dinossauros, carros ou música, esses temas podem servir de ponte. Brincadeiras e leituras sobre o assunto aumentam o engajamento e criam terreno comum para o diálogo.
Em adolescentes, clubes ou grupos com o mesmo foco — como tecnologia, jogos ou arte — funcionam como espaços seguros de convivência. Quando há um objetivo compartilhado, o contato social se torna natural e prazeroso, e a amizade acontece de forma autêntica.
A escola como aliada da inclusão
A inclusão escolar é essencial para ampliar o círculo social. Professores e colegas precisam compreender o funcionamento do autismo e adotar práticas acolhedoras. A presença de um mediador pode auxiliar na comunicação e evitar isolamento.
Projetos de mediação de pares — quando colegas ajudam a integrar o aluno — têm mostrado bons resultados. Além disso, campanhas contra o bullying e atividades em grupo reforçam o respeito às diferenças. Quando a escola se torna um ambiente previsível e empático, a socialização floresce.
Valorize pequenos avanços
Amizade se aprende aos poucos. Cumprimentar alguém, aceitar um convite ou rir junto já são passos significativos. Pais e professores devem registrar e comemorar essas conquistas.
Quando há regressões ou dificuldades persistentes, buscar apoio multiprofissional é essencial. Com comunicação clara e ambiente estruturado, a criança aprende que se relacionar pode ser seguro e recompensador.
Fontes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS) — materiais sobre inclusão e desenvolvimento social em pessoas com TEA.
- Ministério da Saúde (Brasil) — diretrizes sobre autismo e apoio à família.
- American Psychiatric Association (DSM-5-TR) — critérios diagnósticos e aspectos sociais do TEA.
- UNESCO — orientações sobre inclusão escolar e combate ao bullying.
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) — programas de mediação de pares e habilidades sociais.



